"A História Começa Hoje e Continua..." Por:Wescley Rodrigues


Professor

Neli Gonçalves e Wescley Rodrigues

O que seria de nós historiadores sem aqueles que primeiro pensaram a história sem o rigor do método científico, tendo na rotina cotidiana, nas observações “não empíricas”, o minucioso trabalho de recolher os pequenos fragmentos do passado, lapidando-os a duras penas e narrando através dos seus escritos, um passado remoto que descortina-se diante de si com seus indícios? Assim, poderíamos descrever alguns dos pesquisadores da SBEC que pensaram o I Cariri Cangaço, pessoas que em muito foram responsáveis por a formação de uma geração de estudiosos e contribuíram para que a curiosidade de muitos indivíduos fosse aguçada.
Sabemos como é complicada a organização de um evento, principalmente um evento que envolve várias pessoas dos mais remotos cantos desse nosso país continental; mas a equipe de organização, coluna mestra de sustentação de todo um projeto maior, com maestria conseguiu articular um seminário grandioso no seu todo, sem medo de errarem e tendo o desejo ardente de satisfazer a todos que estavam nas “trilhas do Rei do Cangaço”.

Amigos Presentes ao Cariri Cangaço

Não podemos pensar pequeno e tratarmos o Cariri Cangaço como um simples evento regional, o que eu sugeriria que o segundo seminário leve o nome de evento nacional. Lembro-me das palavras de Ângelo Osmiro, que na sua colocação de abertura deixou claro: “O Cariri Cangaço já se configura como o maior evento realizado sobre o tema Cangaço”.
Grandiosidade, beleza, troca de experiências, reencontro de amigos, confraternização, são alguns termos que podemos atribuir a esse momento ímpar que marcou as nossas vidas, um setembro que passa a ser um marco nas pesquisas sobre o cangaço, um divisor de águas, momento de problematização e de revisitação de temas e discussões mal resolvidas.
Não poderia deixar de expressar a minha surpresa frente ao conhecimento adquirido naqueles dias, nas pessoas maravilhosas conhecidas, nos debates ferrenhos levantados, na troca constante de experiências, tudo com o objetivo de conseguirmos subir mais degraus e enriquecermos o nosso conhecimento.

Grupo de Xaxado da Paraíba presente ao Cariri Cangaço 2009
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A polêmica permeando as várias concepções, mas tendo o respeito mútuo como elemento básico: do Lampião vivo ao morto, das verdades e mentiras sobre Angico, do crime organizado de hoje a rede de articulação de Virgolino Ferreira...
Sob aquele sol escaldante fomos rompendo caminhos, molhando com os sutis “pingos de suor” que brotavam das nossas faces aquele chão forte, aquele barro que teimava em impregnar-se nas nossas roupas, nas fissuras dos nossos pés. Uma alegoria concreta que representa todas as marcas subjetivas que aquele evento deixou nas nossas vidas.

Acho oportuna citarmos as palavras de D. N. Marinotis, que deixa claro: "Quando falamos de história, temos o costume de nos refugiar no passado. É nele que se pensa encontrar o seu começo e o seu fim. Na realidade, é o inverso: a história começa hoje e continua amanhã. " O Cariri Cangaço foi um desses momentos produtores de História, não história enquanto trama de acontecimentos produzidos por homem, mas a História enquanto narrativa, enquanto revisitação de um passado que a documentação permite-nos ir de encontro. O nosso “Lampião Verdade” esqueçamos a doce ilusão de que vamos encontrá-lo, pois não o vamos, encontraremos sim as narrativas, as “verdades”, pois a Verdade já foi soterrada pelo tempo.
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Pequena Integrante dos Bacamarteiros da Paz presentes ao Cariri Cangaço 2009


A todas as artérias mestras que construíram esse evento, deixo os meus mais sinceros parabéns pelo evento brilhante que vocês conseguiram lapidar. A pessoa do amigo Severo, fica a gratidão da parte desse ínfimo amante do cangaço que viu no Cariri Cangaço um Oasis onde muitos sedentos pesquisadores foram em busca de saciar a sua cede.

Prof. Wescley Rodrigues - Cajazeiras - Paraíba
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7 comentários:

Anônimo disse...

Professor Wescley, parabéns pelo artigo sobre o Cariri Cangaço, lúcido, sensato e acima de tudo cheio de reflexões inteiramente pertinentes.

Parabens ao jovem amigo.

Horácio Neves - Fortaleza CEARA

Anônimo disse...

Caro Professor Wescley, parabéns pelo comentário, só não concordo quando diz: "[...] fica a gratidão desse ínfimo amante do cangaço[...]", quem escreve dessa maneira nunca pode ser ínfimo. Mais uma vez, parabéns.

Angelo Osmiro

Anônimo disse...

Realmente muito bom o seu comentário, é verdadeiramente estimulante ver a nova geração de hsitoriadores nascendo, e essa busca do equilíbrio entre a Academia e aqueles que aprenderam sob o sol forte da caatinga é algo que precisa ser fortalecido.

Acho que o Cariri Cangaço deveria criar uma noite só para palestras de novos pesquisadores.

Amandinha URCA Juazeiro do Norte

Anônimo disse...

Concordo com o Angelo Osmiro, diante de seu interesse pelo tema e pelo conhecimento que demonstra ter sobre os pesquisadores e promotores do evento, vc não tem nada de ínfimo. parabens

Amandinha

Anônimo disse...

Caro amigo Ângelo, suas palavras fidalgas, com certeza serve-me de incentivo a continuar investigando, a partir do método historiográfico, as nuanças do fascinante mundo do cangaço. O "ínfimo", foi um reconhecimento do longo caminho que ainda tenho a percorrer para conseguir chegar a um maior conhecimento sobre a temática, pois a cada nova descoberta também descubro o quanto ainda é preciso caminhar.

Ao amigo Horácio, fica a minha gratidão em saber que através das minhas palavras posso instigar a uma insipiente reflexão. A cara Amanda, cabe a nós que somos os postulantes dessa nova geração, trazer a academia para o meio popular, difundir uma cultura historiográfica e ao mesmo tempo tentarmos assimilar e problematizar a cultura histórica desse povo.

Que os próximos encontros sejam prenúncio de grandes saltos sobre o tema.

Abraços!

Prof. Wescley Rodrigues

Anônimo disse...

Fico realmente orgulhosa e feliz por ter um amigo e colega de profissão com sua maturidade intelectual, como nos disse o filósofo grego Sócrates por seu discípulo Platão, " aquele que conhece bem, faz bem." Concordo com Angelo, quem escreve como vc, não pode ser ínfimo, mas também concordo com vc, quando se refere a "ínfimo" no sentido da amplidão do conhecimento, ou seja, "só sei que nada sei."

Por isso meu amigo "sabido," parabéns!!! Não só por está no caminho certo, mas por saber portar-se em sua caminhada. Espero nos encontrarmos em 2010 por ocasião do Cariri Cangaço, será sempre um prazer revê-lo. Eu e Lívio,vamos te encher de perguntas sobre Hobsbawm, Thompson, Boutier e por aí vai... rsrsrsr

Um grande e fraterno abraço.

Juliana Ischiara

Anônimo disse...

Muito bom seria se pudessemos criar um sistema de debates pelo site do Cariri Cangaço...

Simara