Cyra Britto a Dama Sertaneja que enfrentou o Cangaço Por: Carlos Jatobá

Dona Cyra Britto e João Bezerra

Cyra Britto Bezerra (nascida Correa de Britto), nasceu no interior de Alagoas, no município de Piranhas, às margens do rio São Francisco, em 12 de março de 1915. Filha de Francisco Correa de Britto e de Emiliana Gomes de Britto prósperos fazendeiros e, também neta do chefe político da região dos dois lados do rio São Francisco: Piranhas (Alagoas) e Canindé do São Francisco (Sergipe), o Cel Antonio José Correa de Britto (conhecido como "Antonio Menino", "Sinhozinho do Gerimum" ou "Pai-Nosso") e de Prima Gomes de Britto ("Mãe-Nossa"). De família numerosa, dividia com seus 14 irmãos: Carlos, Célia, Ciro, Claudemiro, Clodovil, Cordélia, Guiomar, João, José, Maria José, Nair, Noélia, Raimundo e Yolanda, as brincadeiras entre a Fazenda Gerimum (no lado sergipano) e a casa grande em Piranhas. 

Casou-se com o então Ten Bezerra em 1935 de quem lhe era prometida, por "Pai-Nosso", desde tenra idade. Representa no alto dos seus quase noventa anos de existência, um exemplo de coragem, tenacidade e companheirismo da mulher nordestina e brasileira. 



Aos 21 anos de idade (por volta de 1936), era considerada a grande incentivadora nas campanhas do marido, além de exercer forte liderança como professora, enfermeira e conselheira entre os seus liderados e respectivas famílias. Fazia de sua casa um verdadeiro quartel da volante. A esse respeito Cyra Bezerra, assim se expressou: "Quando chegava, a volante vinha diretamente para minha casa. Eram 20, 30 homens de uma vez. Alguns com família iam para suas residências. Outros eram medicados, comiam e dormiam na minha casa. 


Paulo Britto e Manoel Severo no Cariri Cangaço Piranhas 2014

Quando os quartos estavam lotados, se espalhavam pelas quatro salas. Eu cuidava de tudo, junto com uma empregada. Por lá, passaram muitos feridos, mas ninguém morreu em minha casa." (1996, p. 24) 

Ainda em 1936, no mês de setembro mais precisamente, o tenente Bezerra em perseguição aos diversos subgrupos de cangaceiros (que compunham o grande grupo comandado por Lampião) na Fazenda Picos onde se deu um combate em que, depois de baleada na perna direita, à altura das nádegas, foi capturada a cangaceira Inacinha (mulher do famoso Gato, chefe de um dos subgrupos). Inacinha estava grávida e, em conseqüência, o tenente Bezerra resolveu leva-la para a cidade de Delmiro Gouveia em busca de ajuda médica e posteriormente transportá-la para Piranhas e recolhê-la à cadeia local. Nesse ínterim, os cangaceiros, através dos subgrupos liderados pelo próprio Gato, por Virgínio e por Corisco, resolveram atacar Piranhas. 

João Bezerra e Cyra Britto

Conforme Ferraz (1985, p. 40), a cidade de Piranhas era um importante centro comercial da região e, em decorrência, bastante visada pelos bandoleiros como fonte de logística e suprimentos. A princípio julgou-se que tanto poderia ser um ataque em busca de víveres, armamento e munição ou, de um possível resgate da meliante presa. Porém, no decorrer da ação e constatado pela história, verificou-se que o que queriam mesmo era seqüestrar a esposa do tenente Bezerra (D. Cyra, que também estava grávida: no quinto mês de gestação) para trocá-la por Inacinha. 

A esse respeito Cyra Bezerra, recorda: "Eram duas da tarde quando eles chegaram a Piranhas. Eu pensei que fosse [o tenente] Bezerra de volta com a volante [proveniente de Delmiro Gouveia]. Então eu saí para a calçada, porém uma prima minha gritou: 'Cyra, entre são os cangaceiros'. Piranhas é uma cidade construída num vale cercado de serras. Quando eu olhei, vi que vinham descendo cangaceiros por todos os lados. Recuei e fui fechar a porta da casa, mas não consegui fechar a primeira janela e, um cangaceiro, escondido atrás de uma gameleira (uma árvore secular que havia em frente à casa) disse: 'Não feche que morre'. Eu me encostei na janela e olhei. Vi a um canto da parede um riflezinho. Peguei-o e atirei no cangaceiro. Fiquei trocando tiro. Ela tentava me alvejar pela janela e eu atirava nele. (...) Nós tínhamos armas em todos os cantos da casa, vivíamos prevenidos. 

Quando eu estava assim trocando tiros com esse homem, Corisco surgiu na esquina da avenida Tabira de Britto [próxima à Prefeitura Municipal], perseguindo meu tio João Correa de Britto, prefeito nessa época. Corisco estava quase pegando meu tio quando eu atirei nele, mas só consegui atingir os bornais. Ele rodopiou, entrincheirou-se na escada de uma casa e ficou atirando em mim. Eu deixei de atirar naquele que estava junto à gameleira e fiquei atirando para o outro. É quando surge na mesma esquina um grupo de cangaceiros trazendo uma rede com um corpo, uma rede toda ensangüentada. Era Gato, marido de Inacinha, que tinha morrido. Um tiro [dos muitos dados pelos defensores da cidade em duas horas de cerrado tiroteio] atingiu a cartucheira que ele trazia na cintura, atingiu o pente de onde explodiram cinco balas que esfacelaram seu intestino." (1985, p. 13) Os cangaceiros, diante do inesperado, bateram em retirada. 

Paulo Britto e Caravana Cariri Cangaço em Piranhas 2014

Araujo, referindo-se ao fato, atesta que: "[Cyra] ... moça pacata teve que se transmudar numa Maria Quitéria, de Alagoas, para ajudar a rechaçar a horda desenfreada e violenta. (1985 p. 279) 
Desde então Cyra Britto Bezerra seria cultuada e sempre lembrada, na região do São Francisco conforme Ranzan & (2001), como a "A dama sertaneja que enfrentou o cangaço". 
D. Cyra faleceu na cidade do Recife, Estado de Pernambuco em 30 de março de 2003 aos 88 anos de idade.


Carlos Jatobá / Post Facebook - Perfil Coronel Delmiro Gouveia

Caravana Cariri Cangaço e os Nazarenos Por:Manoel Severo

Caravana Cariri Cangaço em Nazaré do Pico

A manhã de 20 de setembro de 2014; uma sexta-feira de clima quente e pouca brisa; marcou mais uma visita da Caravana Cariri Cangaço a um dos mais emblemáticos cenários do Cangaço no estado de Pernambuco; o distrito de Nazaré do Pico, município de Floresta, berço dos mais ferrenhos perseguidores de Virgulino Ferreira da Silva, Lampião: Os Nazarenos.

"Voltar a Nazaré em tão pouco tempo; já que estivemos aqui no mês passado; é um grande privilégio" diz Heldemar Garcia, assessor de marketing do Cariri Cangaço. "Realmente Nazaré guarda um encantamento que só sabe que vem visitar e ver de perto o solo que foi pisado pelos grandes Odilon Flor, Manuel Flor, Euclides Flor, Manoel Neto, Davi Jurubeba e tantos outros que se notabilizaram na luta contra o cangaço" afirma Narciso Dias, um dos componentes da caravana Cariri Cangaço em Nazaré.


Jair Tavares, Narciso Dias e Jorge Remigio: Busto de João Gomes de Lira em Nazaré
Ulisses Ferraz "Flor" e Manoel Severo

O grupo, formado pelo curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo; pelo Conselheiro Narciso Dias, pelos pesquisadores Jorge Remigio e Jair Tavares e ainda Heldemar Garcia foram recebidos pelo filho de Euclides Ferraz, senhor Ulisses Ferraz e pelo neto de Hildebrando Nogueira; Hildebrando Nogueira Neto, Netinho; para dois de dias visitas técnicas ao principais cenários do cangaço na região. 


Odilon e Luis Flor em foto de 1928
Ildefonso Flor, Manoel Gomes, João de Sá e João Jurubeba

Na verdade os anfitriões fazem parte de um dos mais tradicionais ramos familiares de Nazarenos "da gema", os descendentes de João de Souza Nogueira; ou, João Flor. O "Flor" vem do nome de sua mãe, dona Florência Felismina de Sá, então era o "João da Flor", ou "de Flor" e daí nasceu os Flor de Nazaré, linhagem à qual pertenceram os filhos de João Flor: Euclides, Manuel, Odilon, Ildefonso, Américo, Luis e Hildebrando, todos, ferrenhos combatentes contra o cangaço.


Netinho Flor, Jair Tavares, Zezinho Nogueira, Narciso e Jorge 

A notícia se confunde com o jornalista...Heldemar Garcia e a homenagem a João Gomes

A atual Nazaré do Pico, já foi Carqueja, que já foi Nazaré. A vila que nasceu da antiga fazenda Algodões, foi o resultado de um sonho do filho do professor Domingos Soriano Ferraz, Manuel; que via nascer naquele lugar uma vila. Dali até a realização do sonho foi rápido. Ao sonho se uniram outros jovens e entre esses, os filhos de João Flor, era agosto de 1917 quando foi inaugurada a primeira feira de Nazaré.

Depois dos primeiros embates entre os "filhos de Zé Ferreira" com Zé Saturnino, a família mudou para os arredores de Nazaré, já estamos em 1919 e a fazenda Poço do Nêgo era a nova morada do futuro rei do cangaço. Dali para frente o conflito entre Virgulino e seus irmãos com o povo de Nazaré só aumentaria e viria a se tornar uma verdadeira saga, envolvendo mais de 100 integrantes do afamado vilarejo que entraram na luta contra o cangaço.


 Força Volante de Nazarenos sob o comando de Manuel Flor
Odilon Flor, Euclides Flor, Manuel Jurubeba e Pedro Tomaz

"Hoje aqui ninguém chora !" 
Dizia Virgulino...
"Olha que chora, nem que seja baixinho" acompanhava Levino...
"Se chorar eu acalanto" 
completava Antonio Ferreira.
Provocação dos filhos de Zé Ferreira aos homens de Nazaré em 1919
"O Canto do Acauã" de Marilourdes Ferraz


"Os antigos dizem que os mais valentes eram Odilon Flor e Manel Neto e o mais estrategista era Euclides Flor, mas na verdade todos eram muito valentes e destemidos, umas feras", afirma Netinho Flor. "Esse pessoal antigo aqui dos Nazarenos, Manel Flor, Euclides, Manel Neto, esse pessoal não conversava sobre a campanha do cangaço não, eles não falavam, parece que era uma página virada na vida deles", acentua Zezinho Nogueira, que é sobrinho direto dos irmãos flor e também de Manoel Neto.

Se você gosta do tema cangaço e ainda não conhece a espetacular Nazaré do Pico, não perca tempo. Ali, por entre seu casário, portas e janelas, cores e sons, e acima de tudo, a partir de seu povo bom e hospitaleiro, se esconde umas das mais sensacionais histórias de combate ao cangaço por esses que foram conhecidos por "encardidos nazarenos..." Vale a pena conhecer !

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço
19 de Setembro de 2014, Nazaré do Pico

O Cangaço em Noite Cultural em Floresta Por:Heldemar Garcia

Jorge Remígio, Manoel Severo, Narciso Dias e Nina Ferraz

"Lampião não tinha amigos, não tinha lei, rei, princípios... só havia sua conveniência, e a partir de seus talentos naturais, sua forte natureza de líder e sua capacidade de estabelecer relações com os vários personagens do sertão e do poder, acabou se perpetuando por tanto tempo nesta verdadeira guerra no sertão, a história do cangaço se confunde com o próprio personagem" afirma Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço na Conferência de Abertura do IV Movimento Cultural de Floresta, na noite do último dia 18 de setembro na Câmara Municipal de Floresta. A segunda Conferência da noite teve Paulo Gastão, vice-presidente da SBEC e também Conselheiro do Cariri Cangaço falando sobre a polêmica morte do rei do cangaço em Angico.


Manoel Severo em palestra na Câmara Municipal de Floresta
 Performance do Poeta Manuca Almeida
Paulo Gastão em noite de Cangaço em Floresta

Com um auditório completamente lotado de alunos, professores, artistas e notadamente a família florestana, o evento contou com a presença de vários pesquisadores da temática, como, Narciso Dias, Jorge Remígio e Jair Tavares, de João Pessoa, Lourival Teles de Calumbi, Manuel Nascimento de Mossoró, Ricardo Miranda de Recife, Euclides Neto de Serra Talhada dentre outros. Para Narciso Dias, presidente do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço "hoje estamos dando um passo importante enquanto Cariri Cangaço, certamente haveremos de ter bons frutos daqui para frente na promoção de um seminário exclusivo sobre a temática aqui em Floresta, e isso é muito importante".


 Renato Miranda, Manoel Severo e Euclides Ferraz 
Manoel Severo, Leonardo Leal e Amélia Araujo
Manoel Severo e Manuel Nascimento
 Amélia, Jorge Remigio, Manuel Serafim, Aninha Ferraz, Narciso e Manoel Severo
Rubervam Lira, Manoel Severo e Cristina Lira

O evento registrou as presenças de familiares do ex-combatente Neco de Pautilha como também do tenente João Gomes de Lira. A noite contou ainda com a apresentação do poeta Manuca Almeida, lançamento de livros e premiações para alunos e professores de Floresta em várias categorias culturais. O evento está em sua quarta edição e é uma iniciativa da escritora Nina Maniçoba Ferraz com apoio da iniciativa privada, da câmara municipal e de prefeitura de Floresta.

Para Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço "foi uma grande alegria e honra termos participado dessa noite de abertura do Movimento Cultural de Floresta, o tema cangaço faz parte da história do município, tão cheio de tradição e força, sem dúvidas já começamos a pensar, juntamente com outros companheiros de Floresta e Nazaré, uma edição de nosso evento já em 2015, teríamos assim o Cariri Cangaço Floresta, reunindo Floresta e Nazaré do Pico, resgatando de forma responsável essa verdadeira saga do povo do Pajeú".

Heldemar Garcia
Assessor de Marketing Institucional
Cariri Cangaço

Vingança Não ! Por:Francisco Frassales Cartaxo

Chico Pereira

Em crônica anterior, falei do padre Francisco Pereira Nóbrega e hoje escrevo sobre o livro “Vingança, não - Depoimento sobre Chico Pereira e cangaceiros do Nordeste”. Não se trata de livro de história nem de memória. Tampouco é romance ou novela, embora o autor tenha lançado mão de recursos ficcionais, a exemplo de recriação de monólogos para imprimir lógica ao fluxo narrativo e torná-lo verossímil.

O foco do livro é conhecido.  Chico Pereira entra no crime para vingar a morte do pai, João Pereira, comerciante, proprietário rural e político em Sousa, com atuação no distrito de Nazaré e em São Gonçalo.  O filho prendeu e entregou à polícia o executor da morte do pai, mas com pouco tempo o viu impune, andando livre pelas ruas, em feiras e festas. Um acinte. Depois de muita tocaia, “Zé Dias foi achado morto no meio da estrada. Estendido no chão. Só ele e a morte. E ninguém mais por testemunha”, escreve padre Pereira.


Francisco Frassales Cartaxo

A partir daí, desencadeia-se o processo de formação de bando de cangaceiros. Chico Pereira planeja assaltar Sousa, ajudado por Lampião, que manda dois irmãos, Antonio e Livino Ferreira, dividir o comando das operações. Em 27 de julho de 1924, à frente de 84 homens, o grupo invade Sousa. Houve saques, cenas de humilhação do juiz de direito e outros fatos narrados com sutileza para não reabrir feridas, penso. O livro repassa, também, episódios que envolvem padre Cícero Romão Batista, políticos paraibanos e o advogado Café Filho; fugas, esconderijos, a morte vestida de cobra venenosa; o descumprimento de acordos com autoridades, a prisão sem resistência em Cajazeiras, em plena Festa da Padroeira, e levado para a cadeia de Pombal. A viagem para a morte na estrada de Currais Novos, nas mãos da polícia, na madrugada de 28 de outubro de 1928. Tudo isso Francisco Pereira Nóbrega narra em 20 capítulos, afora nota explicativa, uma foto e um croquis das andanças do pai em terras da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Quarenta e cinco anos depois de publicada, a obra virou peça de teatro e já poderia ter-se tornado filme. É livro perene, um depoimento original, nascido de dentro para fora. Explico. Centenas de livros versam acerca do cangaço, escritos por sociólogos, memorialistas, historiadores, jornalistas, enfim, estudiosos, mas poucos existem como “Vingança, não”. O autor não vivenciou a maioria dos fatos narrados. Ouviu-os da boca de parentes e amigos. Cresceu a escutar as versões familiares. Não se contentou com isso, porém, e durante dois anos checou datas, nomes, lugares e episódios em consultas a processos judiciais, testemunhas e jornais da época.


Local da morte de Chico Pereira

O livro encerra aspectos relevantes para as pesquisas históricas, sociológicas e políticas da fase final da República Velha, auge do coronelismo, o intricado sistema de relações de poder que nascia no interior dos municípios, propagava-se pelas capitais dos estados e chegava ao centro das decisões políticas e administrativas do País. Essa teia de relações de poder aparece despida no livro, envolta em simplicidade narrativa de fazer inveja. Como se forma um bando de facínoras? Lá está, passo a passo, sob o influxo das injunções políticas interferindo nas atividades comerciais, envolvendo o judiciário, o aparelho policial, as autoridades do executivo estadual, numa promiscuidade que era a própria essência do poder na Primeira República. 

Nem a religião escapava dessa urdidura. O autor descreve a esperança que era ir a Juazeiro em busca das benções do padre Cícero. Pereira Nóbrega produz uma síntese quase perfeita do messianismo e a exploração política que o cerca, ao referir-se ao mandachuva, deputado Floro Bartolomeu: “Sem ser beato nem cangaceiro, será o ângulo onde se encontram ambos. Sobre essa dupla força se firmará para atingir alturas que jamais suspeitou.” Para quem nada era e nada tinha, isso foi tudo. Enfeite de ficcionista? Que nada, realidade pura. 


Floro Bartolomeu e Padre Cícero

Tudo isso está escrito com singeleza, sem rebuscadas técnicas literárias, de permeio com o desenrolar de laço amoroso nascido entre “manso e pacato contratante de cal” e uma menina-moça de 12 anos, órfã de pai, assassinado, que casa por procuração aos 14, e enviúva aos 17 anos, com a herança de três filhos e o estigma de mulher de cangaceiro. “Vingança, não” transpira amor em meio à tragédia sertaneja. 

Esta crônica, publicada no jornal Gazeta do Alto Piranhas, Cajazeiras, nº 325, de 04 a 10/03/2005, foi revisada e ampliada para divulgação no www.cariricangaco.com

P S – Francisco Pereira Nóbrega deixou a batina, casou-se, teve filhos. Fez-se professor, escritor, cronista. Afastou-se do ministério, mas continuou a obra de evangelização. Sua última missão foi dedicar-se ao Catecumenato. Morreu em João Pessoa, em 22 de janeiro de 2007.

Francisco Frassales Cartaxo
Recife - Pernambuco

Melhor Interpretação dos Acontecimentos do Nordeste Por:Emerson Monteiro

Archimedes Marques, Emerson Monteiro, Manoel Severo, Cristina Couto, Jorge Emicles e Reclus De Plá

Neste final de semana, de 12 a 13 de setembro de 2014, estivemos, Jorge Emicles e eu, em Lavras da Mangabeira, Ceará, participando do Cariri Cangaço (O Rosário e o Bacamarte), realizado naquela cidade. Sob o apoio da municipalidade e da Academia Lavrense de Letras, se viveu de perto um evento promovido pelos estudiosos do fenômeno da violência conhecido por cangaço, e que retrata a história do feudalismo do Sertão nordestino, vivido desde o século XIX à primeira metade do século XX, período anterior à Revolução de 1930.

Sob a liderança profícua do pesquisador Manoel Severo Barbosa, o movimento investigativo, que cresce ano após ano, vem ganhando corpo e recolhendo, na memória recente dos rincões palco dos seminários, os elementos necessários à melhor interpretação dos acontecimentos do Nordeste, trabalho de importância relevante, dado o esforço de aprimorar o conhecimento da grei interiorana, só de raro alçada aos salões da academia.

Manoel Severo, Dimas Macedo e Mundoca Neto no Cariri Cangaço Lavras da Mangabeira 

Na ocasião, o escritor Dimas Macedo, natural de Lavras da Mangabeira e atual presidente da Academia Lavrense de Letras, fez palestra na Câmara Municipal sob o tema Padre Cícero, Dona Fideralina e a Revolução de 1914, revelando, inclusive, aspectos até antes desconhecidos da crônica histórica, quais a participação expressiva do Cel. Gustavo Augusto Lima nas lutas que culminaram na destituição de Franco Rabelo do comando cearense, consequência da Rebelião de Juazeiro do Norte, e o capítulo da presença de Padre Cícero Romão Batista em terras lavrenses do (hoje) distrito de Quitaiús (antigo São Francisco), após deixar o município de Salgueiro, em Pernambuco, isto diante das perseguições que sofrera por parte da Igreja Católica face aos denominados milagres do Juazeiro.

Em São Francisco de Lavras, o sacerdote permaneceria na residência do agricultor José Alexandre de Oliveira (Cazuza Alexandre) durante sete meses, quando celebrou missa e outros sacramentos, e aconselhou a população do lugar, ocorrência que ainda agora permanece consignada nos objetos e relíquias que estavam em exposição na praça principal do Distrito, quando os viemos conhecer e fotografar, na manhã de 13 de setembro, segundo dia das atividades.

Visita do Cariri Cangaço Lavras em Quitaiús


O brilhantismo da iniciativa também somou a encenação de Auto dos Penitentes pelas ruas de Lavras da Mangabeira, protagonizada por Dimas Macedo; Cristina Couto, Secretária de Cultura do município; poeta Mundoquinha; Grupo de Penitentes de Quitaiús, dentre outros figurantes.    

Emerson Monteiro
Pesquisador, Escritor
Crato, Ceará

Lavras do Cariri Cangaço, um Rosário de Histórias Por:João Tavares Calixto Junior

João Tavares Calixto Junior e Manoel Severo

Pela segunda vez deu-se o seminário Cariri Cangaço em Lavras da Mangabeira, e como da primeira, de forma marcante. Foi histórico o momento em que se viu proferir o poeta Dimas Macedo, na Câmara Municipal, informações sobre os apregoamentos do Padre Cícero Romão pelo município, sobretudo, no distrito de Quitaiús, outrora São Francisco.

A cidade se revestiu de satisfação ao receber pesquisadores e entusiastas da temática nordestina que muito bem se desdobrou e se engrandeceu em suas terras. Lavras que já carrega história em seu próprio nome, carregou também por momentos, a soberba de guardiar pelos tempos, informações ainda não sabidas sobre o velho sacerdote do Nordeste, aquele chamado de Santo, adorado ainda hoje por multidões.


Dimas Macedo, João Tavares Calixto Júnior e Tomaz Cisne em Quitaiús

Tiveram também as visitas. Ah! As visitas... Estas são o tempero que faz o Seminário Cariri Cangaço ganhar mais sabor a cada ato! É o que dá o cheiro do banquete regional que se faz deliciar ano a ano. Mais adeptos são capturados pelos aromas e gostos da história de nossa terra. Cito como exemplo o poeta Mundoquinha; uma pérola é seu arsenal de improviso e talento!

Na manhã do sábado, tomou-se café na casa da lendária Fideralina, antes de rumar-se a Quitaius, terra guardiã de memórias hercúleas, mãe de personagens ímpares, berço de grandes vultos. Lá se foi à casa de Joaquim Leite Teixeira, aurorense, nascido em 1881, filho do ex-intendente da Vila d’Aurora, Barnabé Leite Teixeira, que era pai também do singular Major Moysés Leite de Figueiredo, que perseguiu Lampião, e era da polícia cearense. 


 Waldemar Clemente e Dimas Macedo

Na antiga casa de Cazuza Clemente, seu neto Waldemar Clemente, de idade avançada, fez valer a tradição e contou histórias de seus ancestrais. Falou das passagens do Padim pela região e da força que a fé exerce até hoje sobre os que ali residem.

Antes crianças mostraram aos presentes seus presentes. Eram histórias contadas, pertences antigos, sorriso no rosto gosto em falar! E a despedida desta vez se deu como um sussurro. Era o sopro suave da brisa que vinha do açude do Rosário, que penetrava na alma e que trazia saudades... era o fim de uma etapa a ser continuada, por que Lavras, cangaço, história e cultura, se misturam, são sinônimos até, e só isso basta pra contar desta emoção vivida, deste conjunto de ecos martelado nas mentes dos que por aqui passaram e rezaram neste rosário de histórias.

João Tavares Calixto Júnior
Pesquisador , Escritor

FUNESC recebe o GPEC em Reunião de Trabalho Por:Narciso Dias

GPEC visita Lau Siqueira da FUNESC

O GPEC-Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, esteve reunido no último dia 11 de setembro de 2014 com o presidente da FUNESC-Fundação Espaço Cultural -  João Pessoa, Sr. Lau Siqueira. Na pauta do encontro, uma agenda positiva na direção de uma possível parceria da FUNESC com o GPEC no sentido de difundir os estudos e pesquisas relacionados ao cangaço, preferencialmente no estado da Paraíba.

A iniciativa nasceu por ocasião do Cariri Cangaço Parahyba 2014 ainda no mês de agosto, quando Lau Siqueira, presidente da FUNESC participou do evento como um dos convidados especiais. Naquela oportunidade Lau Siqueira acertou o encontro de trabalho com o presidente do GPEC, Narciso Dias.

Reunião de Trabalho do GPEC e FUNESC

A ideia da parceria entre GPEC e FUNESC, seria a partir de um projeto inicialmente com alunos das escolas da rede pública estadual promovendo palestras, exibições de vídeos, como também a criação de uma biblioteca do cangaço. "Todos esses assuntos abordados no encontro farão parte de agenda de estudos ", afirma o presidente do GPEC, Narciso Dias. Foi proposto ainda por Lau Siqueira a realização de uma exposição de imagens  e vídeos com data a definir e posteriormente amadurecer a proposta de parceria que vem enriquecer o conhecimento histórico. 

Ao encontro estiveram presentes o Presidente da FUNESC, Lau Siqueira e os membros do GPEC; Narciso Dias, Jorge Remigio, Jair Tavares e Cel. João Nóbrega.

Narciso Dias
Presidente do GPEC
Conselheiro Cariri Cangaço

Começa Hoje o IV Movimento Cultural de Floresta !

Manoel Severo, Nina Ferraz e Paulo Gastão

O tradicional município de Floresta, no alto sertão pernambucano, abre na noite de hoje, a partir das 19 horas, na Câmara Municipal o IV Movimento Cultural de Floresta, evento que reúne as mais variadas manifestações culturais da cidade é uma realização dos cidadãos florestanos e conta com o apoio da iniciativa privada, da FACESF e CESVASF e ainda da prefeitura municipal. O evento tem como uma das principais organizadoras a escritora Nina Maniçoba Ferraz.
Programação Completa

Quinta - Feira 
Dia 18 de Setembro - Câmara Municipal de Floresta
Mesa de abertura
Apresentação dos escritores e performance
Poeta Manuca Almeida
Palestras: 
Um Novo Olhar sobre o Cangaço
Manoel Severo - Curador do Cangaço
Angico e a Morte de Lampião
Paulo Medeiros Gastão - Vice Presidente da SBEC
 Coquetel e Lançamento de Livros de autores florestanos
Sexta-Feira
Dia 19 de Setembro - Patamar da Igreja em frente à prefeitura, 21h Apresentação Cultural
Instituto Cultural Raízes
Apresentações dos Festivais de Música e Dança
Premiações Professor e Aluno Destaque, Pintura e Redação

Sábado
Dia 20 de Setembro - Patamar da Igreja em frente à prefeitura, 21h Apresentação do Grupo Caruá
Apresentações dos Festivais de Música e Dança
Premiações Música, Dança, Escola Cidadã e Professor Incentivador 
2ª Exposição Letras e Cores Florestanas no Espaço Cultural  

IV Movimento Cultural de Floresta